Que a educação continuada é um processo imprescindível no atual cenário da educação parece ser um consenso. A novidade desta obra, porém, consiste em discutir seus efeitos tomando a subjetividade do professor de língua inglesa do ensino público como vértice. Em um mundo em que a lógica do cientificismo e a demanda por estratégias ameaçam suplantar a particularidade da constituição subjetiva de professores na discussão de sua formação, a investigação empreendida por Vanderlice dos Santos Andrade Sól nos (re)lembra como o desejo (e a ausência dele) sobrepuja ações tantas vezes idealizadas na formação continuada. A partir de uma perspectiva discursiva afetada por conceitos da psicanálise, o campo da educação continuada é analisado como um espaço em que o professor empreende movimentos e assume posições. É na perseguição aos indícios desse processo que a autora privilegia a análise do dizer dos professores. Os deslocamentos subjetivos que ali aparecem são propostos enquanto rastros de trajetórias muitas vezes (in)esperadas, (in)contidas em períodos de tempo determinados. Assim, configura-se a dimensão única pela qual cada um é afetado pelos processos formativos e o caráter de efeito a posteriori que muitas das ações tem sobre a subjetividade dos professores. O trabalho, portanto, areja o campo da formação de professores de línguas, ao privilegiar a incidência da subjetividade na discussão dos movimentos de apropriação da posição de professor, aí entrevendo a responsabilização que tal trajetória demanda.