(...) Uma obra que traz a público um personagem pouco conhecido e ainda oculto por estigmas mesmo na universidade, inclusive entre pesquisadores especializados: o jovem morador da periferia e da favela, em cuja biografia a prática da violência armada e o exercício de poder tirânico sobre a comunidade, e em seu interior, ocorreram em articulação com valores que limitam e prescrevem seus atos. Valores que, por sua vez, interagem com os princípios que prezamos como matrizes civilizatórias. Rebatida sobre a épura de nosso próprio universo moral, a alteridade - esse jovem usualmente visto como amoral, desprovido de convicções valorativas, movido exclusivamente por interesse ou pelo impulso (meio animal, meio mecânico) da simples força - refrata-se em um continuum, no qual não se negam diferenças, embora se neutralizem suas reificações. Por fim, emerge, na voz desse Outro, agora tão íntimo, a evocação da liberdade e da autonomia. Trecho da orelha assinada por Luiz Eduardo Soares