São muitos os temas abordados nos ensaios contidos em Marxismo e teoria da literatura. Além de um criterioso exame das ideias estéticas de Engels e de uma abordagem da teoria marxiana da decadência ideológica e de seus reflexos na literatura, Lukács nos apresenta algumas das principais determinações do realismo, que é para ele uma característica essencial de toda grande arte e não apenas um estilo entre outros. Na exata medida em que é um reflexo da realidade objetiva, ainda que obtido por meios diferentes daqueles da ciência, toda arte autêntica possui esta dimensão realista, que faz com que seu receptor tome consciência de sua participação nas experiências do gênero humano. Para Lukács, há assim uma estreita e orgânica relação entre arte e sociedade. O estudo apaixonado da substância humana do homem faz parte da essência de toda literatura e de toda arte autênticas. Não basta, para que sejam chamadas de humanistas, que estudem apaixonadamente o homem, a verdadeira essência da sua substância humana; é preciso também, ao mesmo tempo, que defendam a integridade do homem contra todas as tendências que a atacam, a envilecem e a adulteram. Como todas essas tendências (e, naturalmente, em primeiro lugar, a opressão e a exploração do homem pelo homem) não assumem em nenhuma sociedade uma forma tão inumana como na sociedade capitalista, todo verdadeiro artista ou escritor é um adversário instintivo destas deformações do princípio humanista, independentemente do grau de consciência que tenham de todo este processo.