Há momentos que requerem das mentalidades progressistas atitude proativa e comprometida com os valores da democracia, com a boa energia das sociedades plurais e com o postulado da dignidade da pessoa humana. Os últimos quatro anos no Brasil têm sido desses momentos. O governo Bolsonaro se fez na contramão da evolução civilizatória e envidou todos os esforços, para manter-se no poder, inclusive à custa da democracia. As ameaças foram quase diárias, e a institucionalidade foi cooptada a serviço dos projetos pessoais do presidente. A Literatura pode e deve, naqueles pontos de tensão mais evidentes, colocar-se a serviço do processo civilizatório, sobretudo quando a democracia está em jogo. A crônica política, ainda que escrita em tom provocativo e irônico, pode ser um grande contributo a essa causa. O ano de 2022 foi marcado por uma campanha eleitoral em que dois projetos de poder no Brasil, ao menos os mais bem posicionados, disputaram a mente dos eleitores.