Há alguns anos, quando conheci Alexandra Lopes Da Cunha na sua cidade de Porto Alegre, percebi, em nossa primeira conversa, algo muito evidente, mas que eu, carioca adotivo recém-hipnotizado pela cidade maravilhosa, não compreendi então: que a matriz literária brasileira é muito rica e não se resume às superpotentes centrífugas culturais do Rio e de São Paulo, tão centradas nelas mesmas, tampouco às riquíssimas tradições caipiras, sertanejas, afrodescendentes e indígenas do interior, da Bahia e do Nordeste e da imensa bacia amazônica, mas que também incluía a herança centro europeia, germánica, italiana e portuguesa de segunda geração, tão palpável no sul do Brasil que ela tão bem conhece, além da relação íntima, geográfica, intelectual com a riquíssima literatura em espanhol dos países do cone Sul. O que não sabia então, e que fui entendendo e admirando ao longo dos anos, é que seu próprio trabalho é um magnífico exemplo dessa diversidade, dessa abertura e dessa vitalidade. (...)