Em A IDADE DO SERROTE, o encadeamento das lembranças é substituído pela intensidade de percepções esparsas, que iluminam pessoas, situações, bichos e coisas, transpondo o vivido para figuras de sonho. O cenário da infância no interior conecta-se com um mundo de informações culturais que compõem o cotidiano daquele "menino experimental de olho precoce" - o poeta quando jovem. Nos anos 60, ao ser reconhecido como importante poeta, Murilo Mendes não perde a enorme vontade de conhecer o mundo, que o acompanhou durante toda a infância. Torna-se um voyeur e um visionário. As imagens gravadas há décadas estão prontas agora para revelar a arte poética e norteadora de sua obra. A descoberta do mundo proporciona altos ganhos em sua poesia, reverte-se na força sedutora de uma nova linguagem, capaz de harmonizar contrários e romper convenções.