Para quem frequenta os portos à beira-rio da cidade de Manaus, não deve passar despercebido a figura daqueles homens que carregam malas, caixotes, sacos de cereais, caixas de pet, frutas regionais diversas, enfim, todo tipo de bagagens e de mercadorias. Lá estão eles movimentando-se nesse intermezzo entre o rio e o espaço urbano, num eterno vai e vem com muito peso e pesado, nos ombros, nas costas, nas cabeças, nos braços, acotovelando-se entre a multidão na praia, equilibrando-se nas escadas, nas pontes de madeira, às vezes deterioradas pelo tempo que ligam o muro de arrimo às balsas do porto da Manaus Moderna, nos ancoradouros do porto da Ceasa e do porto da Panair, ou no cais flutuantes do Roadway, aos barcos regionais nos tempos da enchente e da vazante dos rios. Esse movimento de ida e de vinda, portanto, o trabalho dos carregadores e transportadores de bagagens, curiosamente se modifica em face dos ritmos das águas do rio Negro nos tempos ecológicos na Amazônia.