Eis que as ciências sociais contemporâneas se apaixonaram pelas "emoções". Mas é grande o risco de que essa "virada emocional" as faça cair em um individualismo sentimental que leve ao extremo o abandono das estruturas, das instituições e das relações sociais, culpadas, em si, por não darem espaço às coisas vividas. Como articular os afetos e os desejos dos homens com o peso de determinação das estruturas? Como pensar em conjunto esses dois aspectos igualmente pertinentes - e manifestamente complementares - da realidade social, que, em princípio, nunca deveriam ser contrapostos? Esse é o projeto de um "estruturalismo das paixões", que põe em funcionamento os conceitos fundamentais de Espinosa - o conatus e os afetos - em meio às ideias de Marx, Bourdieu e Durkheim. E que, assim, fornece uma nova perspectiva sobre a parte passional das estruturas do capitalismo e de suas crises. Um economista que se tornou filósofo, Frédéric Lordon se empenha profundamente nesse trabalho de "reparação de nossos subsolos mentais". Porque somente a destruição do alicerce metafísico do pensamento liberal permite pensar que o determinismo estrutural não é, absolutamente, incompatível com um pensamento de transformação social.