A filosofia não deseja a sabedoria ou o saber, ela não nos ensina verdades, nem comportamentos. Haverá quem diga que ela se esgota em se perguntar o que ela é e o que é, numa solidão que não perturba ninguém. No máximo, talvez oferecesse uma ideia útil ao desenvolvimento das riquezas ou o sonho de outro sistema social completamente diverso, ou até mesmo o ópio metafísico da consolação. Os filósofos seriam loucos papagaios palradores que a humanidade veicularia consigo no decurso de sua história, sem proveito, mas também sem grande perda. Eles bem que podem interpretar o mundo, mas permanecem a suas portas sem nunca chegar a transformá- -lo. Podemos, então, nos perguntar em 2014, como fazia Jean-François Lyotard em 1964: por que filosofar? Que motivo há para ainda filosofar, a voltar a nos engolfar no hiato do sentido e isso, toda vez e sempre, em uma ingenuidade revivida que se pode chamar de infantil? Quem se pergunta se pode valer a pena filosofar já começou a filosofar. [...]