A representação da saudade em Fazes-me Falta só poderá ser compreendida levando-se em conta o caráter paradoxal do simulacro em que a narrativa se insere: a morte como "interdição" que permite o diálogo espectral das personagens que, tomadas da ausência, se aproximam nesta singularidade, projetando-se nas diferenças reportadas pela "falta" e pela nostalgia, atingindo a "saudade" que, embora pareça estar restrita ao âmbito subjetivo, encerra nas palavras narradas o sentimento do povo que a distinguiu como signo, independentemente de ser uma experiência universal. O tempo, como um eco que nunca se cala, continua a inquietar. Em Fazes-me Falta, ele atravessa a narrativa para encontrar as personagens que teceram sua história com os fios de suas vestes: o passado, o presente e o futuro. Presas a uma cronologia instaurada pelos acontecimentos e pela finitude que a morte supõe, as personagens têm na narrativa o espaço que permite o desdobramento deste tempo e, na memória, o testemunho que permite a esperança...