No final do século XIX e início deste, cabia à medicina social um lugar de destaque na tarefa de organizar o "caos urbano", do qual a prostituição fazia parte. Meretrizes e doutores é um estudo sobre os textos médicos produzidos no Rio de Janeiro entre 1840 a 1890, revelando a implícita necessidade de se enquadrar em padrões burgueses os comportamentos sociais, afetivos e sexuais dos indivíduos que habitavam a cidade. Esta transformação do corpo, do desejo e do prazer em objetos de estudo marcou o início da constituição de uma ciência sexual, que hoje se encarrega de impor os controvertidos limites da sexualidade sadia.