Quando escreve, Maria Teresa Horta não busca interlocutor. A poesia pura e simplesmente brota como o cristal de rocha na parede de uma gruta. Algo que ela não controla nem pretende controlar nessa viagem pelo interior dela mesma. E nessa medida, sem dúvida, pelo interior da essência feminina. Maria Teresa defende que há sempre algo a mais atrás de qualquer tema, assim como há sempre uma nova inquietude e, no caso do erotismo particularmente, essa inquietude está sempre lá, embora a maior parte das vezes oculta. Quanto aos falsos pudores, esses continuam, infelizmente, quase tão fortes hoje como antes. Não deixa de ser curioso verificar que no Portugal pós 25 de Abril, onde a pornografia já é aceita e até mesmo procurada sem qualquer escândalo, sua poesia continua a incomodar! Em sua poesia, o erótico reflete, fundamentalmente, a perenidade do corpo, enquanto lugar da natureza, da beleza, do contínuo florescimento do prazer; logo, refletindo a sua condição imanente. Mas, o fato dos meus poemas pouco ou nada terem a ver com o sagrado, não quer dizer que não se alimentem do mistério, não mergulhem na ambigüidade, não se entreguem ao fascínio da ambivalência, não sejam atraídos por aquilo que os transcende. Mas, sempre para tornarem a si próprios enquanto corpo terreno: o frágil e o fogo, o tudo e o nada, o voo e as raízes, num entrançamento enredado e infindável.