De onde vem e para onde vai a arte moderna? A mitologia burguesa e formalista, gerada basicamente após o massacre da Comuna (1871) e da chamada belle époque (isto é, do colonialismo restaurado a mando do liberalismo) sustentou que a arte moderna, entendida como reino das formas ‘autônomas’, proviria da dissolução da função narrativa e tenderia à abstração. Na verdade, o modelo por trás de tal concepção é o da forma-dinheiro.Na contramão de tal versão, este livro vai aos escritos de Baudelaire e aos objetos em que o poeta-crítico enxergou a formação originária da arte moderna. Examina assim as pinturas republicano-revolucionárias de David (1748-1825) e seu diálogo com a ‘revolução cultural’ sans-culotte. Acompanhando tal arqueologia crítica, o leitor seguirá também, em cinco ensaios que podem ser lidos separadamente, as vicissitudes e mutações da obra de David ao longo da contrarrevolução termidoriana e do poder bonapartista que a consolidou.