"[...] aqueles que dizem que enrijecemos pelo convívio com a dor dos outros não têm a menor ideia do que significa, de fato, ser médico.[...] a verdadeira ajuda não consiste em disfarçar, mas em compartilhar o sofrimento.A misericórdia, essa capacidade de condoer-se com a dor do outro, desde sempre me encantou e, no contraponto, plantou em mim a ojeriza pelos muito devotos, quando incapazes de qualquer manifestação de empatia e solidariedade.Não pode ser coincidência que os melhores médicos sejam pessoas humildes, serenas e bem-resolvidas. Não há espaço para exibicionismo e prepotência na trilha pantanosa da incerteza e do imprevisto.[...] o amor, infelizmente, não imuniza, mas o desamor é sempre mortal.[...] uma mãe desconhecida [...] resolveu doar os órgãos do seu filho amado para que outras mães, que nunca conheceria, fossem poupadas da mesma terrível dor que lhe varava o coração.A medicina ter avançado nas últimas sete décadas mais do que em toda a história da humanidade e, (...)