Uns lançam explosivos. Outros atiram versos. O autor deste livro joga a potência da poesia na água suja do nosso tempo. A palavra esvaziada a ponto de bala. A palavra, fúria revolucionária concentrada. A palavra, vômito na cara dos canalhas. A palavra, ponte entre existências. Todo poema é um ato político. Cada poeta, a seu modo, revela o jogo do poder e as marcas das lutas sociais de determinada época. A era das manadas divide-se em três parte. Na primeira, o leitor é atropelado por um tropel plástico-perverso, o movimento de estouro de rebanho, tão poderoso que provoca a demolição de todo o ordenamento social. Reproduz-se o assalto ao poder por multidões instrumentalizadas pelo ódio, o símbolo maior da ignorância ostentação, a tropa de choque obediente a comandos espúrios, domesticada pelos donos do poder, avessa às ciências e às artes. Na segunda parte, Zona de abate I, podemos observar o acúmulo de forças necessário à explosão. Das expedições nazibandeirantes aos (...)