Aqui tendes o segundo volume de nossa trilogia A Revolta dos Coxinhas. No primeiro, apresentamos alguns momentos da crise, com epicentro em 2016, que ainda se discute se foi impeachment ou golpe. No segundo, que permite ser lido antes, ou isoladamente, empreendemos o esmerilhamento de uma chave de compreensão da crise. Ao longo da jornada, percebemos que um partido, com apoio de seus saté­lites, tornou-se porta-voz do ressentimento, produto da mistura de ódio e inveja. Daí provém a mal compreendida “polarização” da política: na realidade o ­desfazimento de vínculos civis e lapso em estado seme­lhante ao que os teóricos da modernidade chamaram de estado de natureza. Nossa limitada terapêutica é nosso aprendizado na arte de traduzir a língua franca de Behemot, sua gramática e sua semântica do ódio, para melhor ­desarmar suas bombas. Porque tudo em Behemot se resume em Vontade de Poder. Mas o poder, em si, não é nada. A sedução é o verdadeiro poder, diz Lessing em sua personagem trágica Emilia Galotti. Esvaziado em sua sedução, Behemot se enfraquece em favor de ­Leviatã. Em favor da vida.