Em 'Filisberto das Âncoras', Romulo Netto denuncia um sistema político e econômico de herança feudal, comandado por coronéis que se perpetuam no poder manipulando os eleitores, valendo-se de diferentes estratégias - desde bajulação e compra de consciências até o uso da força armada, aquartelando pessoas nos 'currais' eleitorais - prática que se perpetua, atualizada, em muitos locais do país. A obra narra um trecho da vida de um sertanejo típico dos Gerais - região de Cerrado que atravessa vários estados brasileiros, como Bahia, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Sujeito forte, corajoso, honesto e humilde, incorpora a alma de uma parcela de cidadãos que quase nada recebem da sociedade. Profundo conhecedor das potencialidades do Cerrado, cujas riquezas naturais sabe explorar como ninguém, sobrevivendo no limite, Filisberto é, antes de tudo, um forte, unto com sua companheira, Hemengarda Epifânia. Apesar das agruras do cotidiano, é feliz (Filisberto), chumbado no chão sertanejo (das Âncoras), quase bicho.