Antonio Bokel é reconhecido pela capacidade de fazer circular sua pulsante produção, por aglutinar uma vertiginosa gama de experiências e ativar a cena artística no seu em torno. Com mais de 10 anos de carreira, passou por diversas residências, expôs em vários países, desenvolveu inúmeros projetos artísticos, foi indicado a prêmios, investigou linguagens múltiplas, integrou coletivos, pesquisou materiais alternativos e, sobretudo, reafirmou a conexão direta entre seu ateliê no Rio Comprido e o mundo. É um artista nômade. A rica trajetória e os manifestos visuais deste carioca estão registrados no livro VER (Réptil Editora), que será lançado no dia 1º de dezembro, às19h, na livraria Argumento. A publicação reúne uma fina seleção de trabalhos produzidos entre 2011 e 2015, e traz textos críticos e curatoriais de Daniela Name, Osvaldo Carvalho e Vanda Klabin, entre outros. Página a página, VER é um convite instigante e potente à obra do artista através de pinturas, instalações, esculturas, performances, fotografias e intervenções. Estão lá expressas todas as fases que constituíram esta história: a forte influência da pop art e a intensidade da pintura gestual; a referência construtivista e geométrica de Amílcar de Castro e Mira Schendel; a poesia concreta; e o olhar antropológico e provocativo lançado sobre o que acontece na rua. Os muros são a pele da cidade, diz. A obra de Antonio busca escavar essas concretudes que sangram os sintomas sociais contemporâneos. Em meio a esses escombros, o artista vai construindo, pouco a pouco, extratos poéticos do que poderia ser apenas degradado, malfeito, precário, analisa o curador Mario Gioia, que assina um dos textos publicados. A palavra escrita é muito visual e a uso como artifício, afirma Bokel. A historiadora e curadora Vanda Klabin destaca a relação entre a imagem e a palavra, constante na obra do artista, fã confesso de Augusto de Campos. De fato, ele sempre deixou traços visíveis no olhar público, através de uma improvisação que transita fluida e sensível nos mais diversos tecidos urbanos. Em VER, Antonio segue seu caminho de inquietudes estéticas e encontra um novo canal de expressão. É um livro-objeto, mais uma produção que visa dar sentido plástico às imagens. De acordo com Pedro Sánchez, professor da Escola de Belas Artes da UFRJ, que integra a publicação com o artigo A propaganda da alma é o negócio, Bokel é um criador de mundos. Dentre esse universo de possibilidades que o artista nos traz, eis aqui mais uma, sem chassi, no formato 20x27cm, com 160 páginas.