A matemática é encantadora: podemos sonhar com sua universalidade, sua exatidão-precisão e com sua beleza estética assim, seria natural que tudo e todos, em qualquer canto do mundo, aceitassem ser governados pelos seus preceitos exatos e inquestionáveis. Mas a matemática também é desnorteante e perversa: seus paradoxos distorcem lógica e certezas, sua incompletude violenta razão e crenças, seus jogos, linguagem e trapaças transtornam. E é com este conturbado pano de fundo que o belo livro de Marcella Faria, Números naturais, passeia. Nós, leitores, ficamos ludibriados com as vidas que se mostram paradoxais, com a cadência das palavras e histórias que distorcem certezas, com filosofias perversas. Um livro para importunar a universalidade do mundo e da matemática?!