Em “O liberalismo em retirada”, Edward Luce apresenta um instigante ponto acerca do enfraquecimento da hegemonia ocidental e da crise do liberalismo democrático – de que Donald Trump e seus pares europeus não são sua causa, mas seu sintoma. Luce argumenta que estamos em uma trajetória preocupante, fruto da ignorância do que foi necessário para a construção do Ocidente, da arrogância em relação aos perdedores da sociedade, e da complacência acerca da durabilidade do sistema – atitudes que vêm emergindo desde a queda do muro de Berlin, tratada pelo Ocidente como um triunfo absoluto sobre o Oriente. Não podemos seguir em frente sem um diagnóstico claro do que deu errado. Luce contrasta a democracia ocidental e seus ideais econômicos, que se assentam no pressuposto de um progresso linear, com visões mais cínicas de força econômica – simbolizadas pela queda no século XIX e atual ascensão das economias chinesas e indianas – e com o alvorecer de uma nova era multipolar.