Alexandre Guarnieri é um poeta perspicaz. Premiado em primeiro lugar com seu excelente livro Corpo de Festim no Prêmio Jabuti, neste seu quarto livro de poemas, O sal do Leviatã, adquire sua mais plena maturidade com uma obra extremamente costurada matematicamente com precisão e beleza. Seus livros anteriores falam da questão da máquina, da estrutura das coisas, da ordenação, seja da maquinaria seja do corpo ou do espaço. Aqui não poderia faltar novamente seu viés literário. O novo cenário agora é todo o mar com sua simbologia desde a gênese, o caos, até a ordenação implícita nas suas engrenagens. Como metonímia do mundo, o mar se elabora como uma síntese de nossa realidade, seja interior ou exterior, o que Guarnieri faz magnifi camente bem. No poema que abre o livro, temos: “~ (as camadas dançarinas da máquina marinha”. Como em outros livros seus, o autor utiliza sinais gráfi cos para representar ideias e imagens. O til sugere a simbologia das ondas do mar, seu caráter ondulatório de coisa fluida e aberta aos vários sentidos.