Em seu primeiro livro de poesia, Pedro Minet conjura um universo queer conturbado de sexo e violência, narrado por uma série de meninos mortos, cujo principal papel no ambiente que os cerca parece ser o de objeto de desejo e brutalidade. Musos, como passantes de Baudelaire, idealizados, usados e finalmente descartados. Ao contrário daquele flâneur, no entanto, aqui são os passantes que contam a história. Cada poema surge como um vômito, tentativas de dar corpo e voz a uma perspectiva quase impossível de se vislumbrar. Como Matheus Ultra escreve no prefácio, essas são histórias não de sujeitos, mas sujeitados. Abjetos. O resultado é inquietante, perturbador e mágico na mesma medida, como escutar bonecos ganhando vida e aprendendo a falar aos poucos na estante do quarto. Um adolescente decide testar seu poder indo para casa com um intelectual famoso, outro se vê refletido em manequins durante um passeio ao shopping, um terceiro lida com as consequências de transformar a própria (...)