Conheci Talita Feuser numa das cenas poéticas mais acolhedoras do Rio de Janeiro, o CEP 20000, entre rappers, performers, e o poeta Chacal. Chamou minha atenção a desenvoltura da moça ao falar os seus poemas, com gama de emoções que iam da candura à ironia, do modo íntimo ao crítico, como observadora clandestina dos fatos mais corriqueiros aos abalos subjetivos de uma mulher num cenário implícito. De fato, sua assinatura poética, exposta na cena ao vivo, era a de uma poeta atenta que fisga os múltiplos aspectos do vivido, tragando-os para um lugar velado, mas, ao mesmo tempo, revelador dos pormenores inusitados, sensíveis, da vida de uma mulher, cenas recortadas onde as palavras desafiam o leitor a ver mais do que as aparências. A qualidade pessoal dessa poesia pode ser apreciada na versão em livro de poemas por si sós visuais, conjugados aos desenhos do artista visual Gpeto, cujo traço forte nos mergulha no cenário implícito da poesia, reverberando a vida urbana. [...]