A tarefa de tornar visíveis e revelar inaceitáveis exclusões do presente descortina violências naturalizadas e, ao fazê-lo, postula e exige não apenas a luta pela construção de novas possibilidades de futuro, mas, contemporaneamente, aguça, aprofunda e, assim, renova nosso olhar sobre o passado. Desse modo é que a investigação levada a efeito por Rodrigo Portela Gomes em Constitucionalismo e Quilombos comprova de forma contundente que o passado é tão aberto quanto o futuro. E isso, mediante a hábil condução do leitor a mergulhar em uma dimensão até então velada da história do Piauí, consubstanciada em envolvente estudo de caso, a resgatar as trajetórias-experiências das comunidades quilombolas do Estado. Uma história de tensão e lutas de enfrentamento ao racismo de Estado, exatamente ali, onde, pela historiografia oficial, somente teria havido o pacífico pastoreio do gado.