Eu sou um monstro que lambe tuas feridas se apresenta o narrador. Corpo disforme e deforme, sempre sujo de poeira, saliva e cinzas. Presença onírica e real, que cospe nas categorias. Ser corpóreo que sua permanentemente tentando aniquilar a assepsia (plásticos, máscaras, chuveiro, sal, mar). Distancia obrigatória, presença inevitável. Como escapar da violência, do trauma, dos abusos, de um país que, institucionalmente, nos quer mortos, mortas, mortes? Como escapar da necropolítica? se pergunta. Como escapar de uma pandemia que nos deixou expostos a feridas e fraturas ancestrais sim mas que agora devem ser enfrentadas sem paraísos artificiais? Como sobreviver sem abraços, sem contato e na onipresença de um vírus? A resposta é um convite: narrativas, colagens, vozes multifacéticas que partem de um uno que se quer coletivo. Nas letras paleólogas, inquietude é a gasolina de uma mágoa ancestral, mágoa materna feita de invisibilidade e cabelo queimado. Lástimas seculares contra (...)