Sedentário, gordo, bêbado, fumante, estressado, promíscuo, drogado fazem parte da longa lista de novos marginais que assombram o bem-viver coletivo. Seres degradantes constituídos por um discurso político-sanitário mais fluído em sua sanha moralizante e menos solidário com quem dele se desvia: não faz exercício porque é preguiçoso; é gordo de relaxado; não larga o cigarro porque não tem força de vontade; bebe de sem-vergonha... Mapear essas identidades clandestinas tem sido a forma privilegiada de apontar caminhos para uma vida mais saudável, caminhos que se estreitam a cada comportamento desviante agregado, a cada risco incorporado no mapa. Nessa topografia moral os sujeitos são posicionados sobre um fio de navalha, mas permanecem livres para fazer opções sobre o tipo de vida que querem levar; em contrapartida, devem arcar com os custos de uma escolha catalogada cientificamente como equivocada. Hoje, talvez mais do que em qualquer outra época, estamos cada vez mais atados à nossa própria liberdade de escolha.