Se houvesse uma definição para a Romaria da Terra, poderia ser designada de liturgia com os pés. Os pobres da Romaria da Terra redescobriram a importância dos pés, assumindo o papel depreciado dessa parte do corpo como sinal de seu papel na sociedade. Os peregrinos da Romaria são, eles próprios, os pés do sistema excludente. Como pés eles são os que, de fato, sentem e sofrem a realidade, pois "ao caminhar estão sempre com um ou dois pés no chão". Enfim, os peregrinos da Romaria da Terra se reconhecem por seu papel como pés da sociedade. Quando eles andam pela Romaria, expressam o que são, o que procuram, como procuram e, ao mesmo tempo, sua força profética como os pés do sistema. No caso concreto do culto na IECLB, parece fazer sentido uma relação entre a base litúrgica e os pés de cada comunidade, aquela base que coloca as pessoas em movimento na comunidade. Talvez a igreja necessite pôr-se a caminho, à procura de si mesma no mundo. Talvez ela precise, assim como na Romaria, entender-se a partir de seus pés. O culto é o lugar dos primeiros passos.