Qual o balanço que pode ser feito a respeito do Referendo das armas? Nada de drástico ocorreu imediatamente. Continuamos reféns de uma situação crítica, na qual a posse massiva de armas de fogo, utilizadas em contexto de fatores de natureza diversa relativo às nossas mazelas sociais e deterioração de largas áreas urbanas, segue produzindo mortes em larga escala. Sequer tivemos a oportunidade de uma discussão mais consistente das inúmeras questões nesta área. Iniciamos e terminamos o debate sem noção muito clara acerca do mercado de armas de fogo no Brasil. Tampouco sabemos mais do processo pelo qual elas tornam-se instrumentos letais de imposição do terror e atividades predatórias nas mãos de jovens em situação de marginalidade. Seria a herança da cultura da violência e conflito de raízes históricas nas várias formas de mandonismo que tivemos, agora transplantados de forma inusitada nos bolsões de miséria e exclusão das regiões metropolitanas? Poderíamos ter utilizado o Referendo como pretexto para uma discussão mais consistente acerca dos diversos temas correlatos à segurança pública. Não foi possível ainda desta vez. Restou-nos pelo menos o processo político mediante o qual se chegou ao Referendo, no qual diversas medidas restritivas de posse de arma foram aprovadas.