Em certas ruas do centro de São Paulo, ou numa reconhecida agência de estágios, desde de manhã as filas são longas: são jovens procurando algum tipo de trabalho. Várias análises sobre o mercado de trabalho discorrem sobre o contexto da crescente demanda por mais escolaridade, simultânea à decrescente capacidade de o mercado ab-sorver parcela substancial da população ativa, especialmente de jovens. Poucos estudos porém indagam os próprios jovens sobre esse processo. Este livro busca compreender como jovens (entre 16 e 18 anos) na metrópole paulistana representam e vivenciam a transição entre escola e trabalho e os processos de qualificação pelos quais passam ou passaram. A análise permitiu chegar a sete configurações discursivas contrastantes, cuja discussão ilustra a pluralidade de sentidos e de experiências da transição. Apesar dessa pluralidade, e embora a família seja a de origem ou a constituída ocupe um lugar central, a transição da escola ao trabalho aparece nos discursos inserida no processo maior, tenso, de transição à vida adulta, de construção de qualificação e de identidade, de anseio por reconhecimento. A qualificação é percebida como sinônimo de estudo formal, associado principalmente ao ensino superior: para os entrevistados, é como se só houvesse efetiva passagem da escola ao trabalho quando se chega à faculdade, evidenciando o peso do ensino superior como provedor de maior integração com o mundo do trabalho e com a vida adulta.