Como deixei de ser Deus, além de ficção exemplar, alterna humor, erudição, deslumbramento e ironia. Com estilo imprevisível, Pedro Maciel apresenta seu mundo utópico e apocalíptico, e se revela por inteiro através das falas de suas personagens. Pode-se dizer que a escrita deste livro é uma das mais inventivas da última década. Seu autor escreve e reescreve todos os dias em busca da sonoridade exata. Para ele, o ritmo é o núcleo do texto. Com argumento extremamente simples, Pedro Maciel revela neste livro uma história ancestral e, ao mesmo tempo, contemporânea, na qual explora a técnica polifônica, apresentando variadas vozes e ecos de outros tempos e origens. O autor pergunta e responde: "Que quer o tempo? Suspirar. Que quer o templo? Guardar". Contudo, segundo Antonio Cicero, para alcançar este Deus e este tempo "é preciso já ter acordado do sonho de ser Deus e abraçado a finitude e a temporalidade. Será talvez por isso que, de certo modo, é o tempo o verdadeiro tema desse livro, que pode ser considerado uma espécie de Bildungsroman, isto é, de romance de educação ou formação. Pode-se dizer que é justamente a intensa capacidade de instigar a sensibilidade, o pensamento e a imaginação que constitui um dos maiores encantos de Como deixei de ser Deus."