A partir da análise em conjunto das reformas administrativas empreendidas pelo governo federal desde o final do regime militar, entendidas como sínteses de tentativas de reestruturação do Estado e expressões de importantes transformações na sociedade brasileira, busca-se, nesta obra, compreender as possíveis perspectivas organizacionais da administração pública no final do século XX e início do XXI. Objetivo que se fundamenta na proposta teórico-metodológica de que tais reformas sugerem, cada uma a sua maneira, a readequação ou a superação de um modelo de organização, econômico e social, esboçado ainda nos anos trinta e que foi construído e operacionalizado por meio de um Estado nacional interventor, denominado aqui de sistema desenvolvimentista. Esse modelo constituiu-se em um sistema de padronização da ação pública e privada, assentado em bases ideológicas e teleológicas industrializantes e urbanas para o país. Cria, dessa forma, identidades e solidariedades nos agentes sociais e governamentais, portanto, especificidades que constrangem e entravam a formulação de novas propostas de organização da sociedade e do Estado. Assim, a reestruturação administrativa é a expressão, realizada e/ou desejada, não apenas da reorganização política, mas, também, econômica e social do Brasil.