A escritora afro-americana Toni Morrison, quando questionada sobre a maternidade, afirmou que o lugar de mãe, para as mulheres negras, nunca significou meramente opressão, pois era também um lugar em que projetos de liberdade podiam ser gestados, sonhados e levados a cabo. Além disso, ela acreditava que as mulheres negras deviam prestar atenção às propriedades ancestrais que herdaram, o que envolve, principalmente, a capacidade de cuidar não apenas do outro, mas também de si. Nesse sentido, Oluwa Seyi, nos poemas de seu livro de estreia o que há de autêntico em uma mãe inventada, revela, na verdade, como há tudo de autêntico na mãe que inventa, pois ela é também uma herdeira das propriedades ancestrais. Em seus versos a maternidade se torna não apenas uma inspiração ou um tema, mas o lugar a partir do qual Oluwa materna a sua criança interior, materna a jovem adulta com medo do futuro e, principalmente, parteja palavras como quem deseja parir um mundo em que as vidas negras não(...)