« A História do Mediterrâneo mergulha as suas raizes mais profundas nas diferentes civilizações que se formaram nas suas margens. Associando os antigos povos mediterrâneos aos elementos novos vindos de àfrica, do Oriente ou da Europa, esses primeiros estados, reinos ou cidades, sentiram no início o Mediterrâneo como um limite à sua expansão. Se o mar pode ser uma fonte de alimento, é também um obstáculo, um meio hostil (...) Poré, o espírito de aventura, as dificuldades económicas e a esperança de novas riquezas incitam os marinheiros a ir cada vez mais longe, em viagens cada vez mais prolongadas, que leva, a novos povoamentos. Estes marinheiros descobrem assim novas terras, mas, sobretudo, tomam conciência de que este espaço marítimo mediterrânico é um mundo fechado que podem delimitar (...) A história mediterrânica passa do tempo da descoberta ao da apropriação. Os estados das suas margens querem assegurar o controlo das costas, das zonas de passagem, das rotas marítimas, Os Fenícios adquirem o monopólio quase total das margens meridionais e trancam o estrito de Gilbraltar, enquanto os Gregos e os Etruscos dividem entre si as ilhas e as costas das bacias central e ocidental do Mediterrâneo. Este espaço fechado tranforma-se em campo de rivalidades marítimas. A ideia de partilha é substituída pela vontade de apropriação exclusixa, de um verdadeiro império de mar. Escrever a história do Mediterrâneo antigo é tentar compreender os macanismos que levam de um mar dividido a um mar possuído, é estudar a passagem dos múltiplos Mediterrâneos ao Mediterrâneo único, o mare nostrum dos Romanos.»