A Terra de Cinzas e Diamantes, de Eugenio Barba, que a editora Perspectiva publica em sua coleção Estudos, é mais do que um depoimento da relação entre duas figuras marcantes da cena contemporânea. Na verdade, narra-se aí, não só um capítulo da história subterrânea do teatro, como também de uma história de paixão pelo teatro. O senhor escreveu dizendo que desejaria ver os resultados concretos do seu trabalho. Pois bem, permita-me que lhe diga: resultados concretos não se vêem nunca. Os resultados concretos (sobretudo em uma arte fugaz como o teatro) nascem e morrem num abrir e fechar de olhos, e penso que seja errado ligar-se a eles. [...] [A verdade que se tem é somente daquilo] que se fez experiência, sendo assim (no teatro), daquilo que se sabe e que pode ser verificado no próprio organismo, na própria individualidade, concreta e cotidiana. [J. Grotóvski] Eu gostaria de falar sobre um momento central da recente história do teatro como se fosse a história de jovens sem nome. Queria apresentá-la como ela era aqueles anos: uma história subterrânea – como a das toupeiras, que escavam seus túneis embaixo da terra. Fanáticos deslumbrados por uma miragem? Foi o reconhecimento geral e a celebridade que transformaram essa miragem num diamante?