Maria está com medo. No tempo da nossa amizade, não me acostumei a ver Maria como alguém com medo. Então, agora que ela tem medo, quase sinto um prazer mórbido. Estranhamente, o que põe medo nela é pasmem fazer um livro de poemas. Maria leva sempre achei a poesia muito a sério, apesar do bom humor com que fala da coisa e de uma exigência ácida muito particular sobre assuntos literários, que geralmente me fazem rir. Então estamos mais acostumados a rir juntos. Maria, como muitos sabem, é uma estudiosa compulsiva e perfeccionista. Boas notas do início ao fim dos tempos. Acho isso também muito engraçado, embora inveje. E aqui vem ela com este livro e me pedindo coisas como quem precisasse delas. Logo a mim, que tenho tão pouco ou tenho refletido quase nada. Mas não consigo negar porque tudo isso é como Maria diz bem no poema dedicado a mim e que ela usou como fina chantagem emocional para me trazer até este mistério bonito chamado Maria Caú. Sinto-me seguro com ela, mesmo dentro (...)