O livro é uma contestação das ideias consagradas do epistemólogo e psicólogo suíço. Tal contestação baseia-se em pesquisas recentes acerca do desenvolvimento infantil, muitas delas realizadas com o uso de tecnologias modernas - como o registro de imagens do cérebro em funcionamento -, às quais Piaget não podia ter acesso em sua época. Esses experimentos mostram que as crianças são muito mais capazes do que supunha Piaget e que o desenvolvimento segue percursos distintos daqueles por ele propostos. A concepção de Piaget, linear e cumulativa, afirma que aprendemos por estágios - da inteligência sensório-motora do bebê à inteligência conceitual e abs¬trata da criança e do adolescente. Porém, segundo Olivier Houdé, doutor em Filosofia pela Universidade Paris Descartes, já existem no bebê capacidades cognitivas bastante complexas (conhecimentos físicos, matemáticos e lógicos) que vão além do funcionamento sensório-motor. E, além disso, a sequência do desenvolvimento da inteligência no ser humano é marcada por defasagens inesperadas e aparentes regres¬sões cognitivas, ao contrário do que pensava Piaget. Ou seja, a evolução da Inteligência não é linear, e sim completamente irregular. O intenso trabalho de pesquisa realizado pelo autor levou-o a apresentar também novas teorias sobre o desenvolvimento cognitivo humano. Houdé aborda neste livro a formação da identidade humana durante o desenvolvimento recorrendo à imitação, à consciência de si e a "teoria da mente", que a criança elabora com base nos próprios pensamentos, crenças, desejos, e nos dos outros.