Nascido em Pernambuco em 1910, José Carlos Burle era filho de usineiro. Pressionado pelos pais, formou-se médico no Rio de Janeiro, chegando a exercer a profissão, mas sem regularidade. Durante dois anos (1936-1938) escreveu uma coluna para o Jornal do Brasil inicialmente batizada Radiotelefonia e depois Rádio. Para a coluna, escrevia textos sobre cinema e abordava os problemas da música popular. Esse foi o começo tímido de quem viria a ser um dos principais nomes do cinema nacional. O livro José Carlos Burle Drama na Chanchada, de Máximo Barro, conta o percurso profissional do fundador da Atlântida Cinematográfica Brasileira e descobridor de muitos talentos. Burle ingressou no cinema pela música: foi o responsável pela trilha do filme Maria Bonita, baseado no romance homônimo de Afrânio Peixoto e dirigido por Julien Mandel. O filme estreou em 1936 em meio a muitas críticas e polêmica. No entanto, foi um profissional completo: diretor, roteirista, montador, produtor, diretor de arte e ator. Destacou-se também na música e compôs clássicos como Meu limão meu limoreiro e Onde canta o sabiá, entre outros. Sua maior empreitada foi a fundação, em 1941, da Atlântida Cinematográfica - empresa que buscava o desenvolvimento industrial do cinema brasileiro e lançou atores de destaque como José Lewgoy, Anselmo Duarte e Grande Otelo. Segundo o autor Máximo Barro, José Carlos Burle deixou obras que não podem ser ignoradas na história do cinema brasileiro.