'A agenda do velho comunista' é um livro de ficção sobre a diáspora dos militantes de esquerda que viveram a repressão do regime militar. Uma história sobre o enfraquecimento da vida política em meio ao dia-a-dia. A trama que se passa em uma comunidade na região metropolitana de Belém do Pará, onde vive Pedro, ex-militante que tenta lidar com as transformações e com a crescente violência em torno do seu sítio, ao mesmo tempo que discute a vida e marxismo, e recorda o seu passado na ocasião da morte e do velório de Adamastor, velho dirigente comunista. As angústias de Pedro, narrador e protagonista do livro, convivem naquela região entre a mata que desaparece e as favelas que brotam de ocupações, os políticos e a polícia inepta, refletindo sobre um amplo passado de sonhos, e das memórias dos embates políticos e sobre um presente com cada vez menos horizonte. Retrato do ascetismo e da disciplina dos comunistas ortodoxos, Adamastor morre assassinado. O crime, um latrocínio cada vez mais banal na região. Na agenda que ele sempre carregava e que se recusou a entregar aos assaltantes, as marcas de um outro tempo e de uma vida dedicada à luta por transformação, no extremo norte das contradições do país. Na memória, no jeito e nos hábitos dos personagens do livro, os andares e os desandares dos ativistas atingidos pelo golpe de 1964, iluminando amizades, amores e esquecimentos muito mais subversivos que aqueles imaginados pela repressão