A palavra contradição certamente é comum na clínica psicanalítica. Disso, não resta dúvidas. Ela, contudo, é também comum quando resolvemos contar a história da psicanálise. Ou, pelo menos, deveria. Afinal, a psicanálise longe de ser um lugar linear, é um território de disputa. Sublinho aqui a palavra território. O presente livro é sobre o território chamado Brasil. Um território cuja divisão é marcada pelas capitanias hereditárias é o terreno onde se desenvolve uma discussão concisa e certeira sobre como se pode se tornar herdeiro de uma psicanálise marcadamente europeia. O primeiro passo da presente obra foi discutir nos textos de Freud a noção de herança. Com efeito, quando a discussão passa a ganhar corpo no Brasil não podemos contorna aquilo que constitui o nosso país: o legado da escravidão. É nessa perspectiva, que É de raça que estamos falando introduz um debate sobre as apropriações da psicanálise no Brasil naquilo que elas guardam de contraditório, diverso e (...)