A presente obra investiga o modo como o Código Civil é acomodado, do ponto de vista histórico, na tradição jurídica denominada Civil Law. O propósito é demonstrar que o discurso jurídico - em especial, o manualístico - utiliza-se de mecanismos de memorização, seleção, adequação e apagamentos para que o passado possa ser moldado a determi­nada visão de mundo. A hipótese é de que a configuração contemporânea do Civil Law passa, necessariamente, pelo Código - pela sua presença ou apresentação -, compondo-se, a partir dele, a memória e a identidade dos juristas vinculados a essa tradição. Para confirmar a hipótese, formula-se, em primeiro lugar, uma estipulação das noções de tradição, informando-se, então, que Civil e Common Law serão tratados, ao longo do texto, como tradições; a seguir-se, estipula-se, igualmente, a noção de memória e o modo como ela se relaciona com a tradição jurídica.