O livro é fruto de encontros ocorridos durante uma pesquisa realizada desde 2005, que explora articulações entre arte e cegueira a partir do conceito de cognição inventiva. Encontros com pessoas, instituições, obras de arte e materiais. Encontros com a psicologia, a arte, a educação, a filosofia e a museologia. Encontros com pesquisadores, parceiros, alunos de graduação e pós-graduação. Encontros com pessoas cegas e pessoas videntes, que lutam para fazer emergir um mundo comum e heterogêneo. Entendendo a cognição como invenção, recusa a abordagem negativa da deficiência, pautada nas ideias de falta, déficit e defeito. Numa outra direção, avança com a ideia que o sistema cognitivo não é algo dado, mas se autoproduz por meio de práticas concretas. São as ações que configuram o sistema cognitivo e também o mundo conhecido, num processo de co-engendramento. E isso vale para pessoas cegas e videntes. Além de utilizar referências teóricas de Gilles Deleuze, Félix Guattari, Francisco Varela e Oliver Sacks, dentre outros, os textos são baseados em entrevistas de explicitação realizadas com pessoas cegas e com baixa visão, que contribuíram na colocação dos problemas da pesquisa acerca do funcionamento cognitivo das pessoas com deficiência visual. Por meio de parcerias com pessoas cegas, métodos de primeira pessoa e do método da cartografia construímos diferentes modos de participação e inclusão na pesquisa, visando potencializar diferentes saberes. O livro reúne 14 textos que são organizados nas seções: Desenhando o campo problemático, Atenção e processos de criação numa oficina de cerâmica, Acessibilidade estética em museus de arte e Imagens.