Osman Lins (1924-1978) deixou obra rica e variada, incluindo-se teatro, ensaios, narrativa de viagem, contos e romances. Seu trabalho ficcional vem merecendo, nos últimos anos, a atenção da crítica especializada, especialmente nas universidades do país (com dissertações e teses), enfocando-se os mais diversos e complexos problemas dessa produção.É um roteiro e um painel que enriquecem a compreensão de Osman Lins e convidam os leitores a retomá-lo ou a se iniciarem."Osman Lins: o sopro na argila" bem demonstra o talento e a importância de um autor que dedicou tenazmente a vida à atividade de escrever, produzindo uma escrita severa, crítica e autoconsciente, ao mesmo tempo armada de preocupações estéticas, sociais e políticas. A modernização conservadora brasileira, tocada a ferro e fogo, instala-se, como denúncia da forma artística, sem nenhum discurso ou concessão populista. Os danos (e a danação) sofridos pelo homem brasileiro estão visíveis na experimentação artística.Este volume, em excelente hora organizado por Hugo Almeida, é uma contribuição decisiva para a continuidade do conhecimento de um autor, cuja obra, no seu modo peculiar e original, representa nossos impasses e põe em questão os termos de nossa precária democracia. A literatura, apesar de tudo, quando radical é a revelação e a leitura de nossas raízes. O que Osman Lins quis fazer e logrou fazê-lo.