No mundo moderno temos o dever de ser belos, magros, ter cabelos lisos e parecer 'naturais' diante do espelho, de nós mesmos, diante dos outros. E, para conquistar mais saúde, juventude e beleza, os caminhos científicos e industriais não cessam de se multiplicar. O Brasil atualmente é o segundo país no mundo em número de cirurgias plásticas, só perde para os Estados Unidos. Homens e mulheres em busca da perfeição corporal são cortados, costurados, espetados por agulhas, queimados por raios laser, besuntados e massageados com cremes. No entanto, essa busca por se construir o 'super-homem' e perseguir uma suposta perfeição já levou diversas nações a atitudes extremadas. Assim, evoluir a cada geração, se superar, ser saudável, ser belo, ser forte. A democratização da beleza, para alguns; ou a vulgarização dos corpos, para outros; todas essas afirmativas estão contidas na concepção de eugenia. Com status de disciplina científica, a eugenia pretendeu implantar um método de seleção humana baseado em premissas biológicas. E isso através da ciência que sempre se dizia neutra e analítica. Em 'Raça pura - uma história da eugenia no Brasil e no mundo', Pietra Diwan - experiente historiadora e pesquisadora do tema - abre a 'caixa preta' da eugenia e desata os nós da rede de relações que compõe a empreitada, seus adeptos, incentivadores e financiadores. Como um país tão miscigenado pôde investir na eugenia, uma idéia que paradoxalmente vai de encontro com a formação racial do Brasil? Quão eugenista é a nossa história? Com narrativa leve e envolvente, a autora mostra como o eugenismo constitui (e é constituído) de uma história que envolveu disputas entre médicos e políticos, entre profissionais de saúde, e entre estes e a Igreja, o Estado e a indústria.