"In vino veritas" é a primeira das três partes que constituem os "Estádios no Caminho da Vida", livro publicado em 1845, por iniciativa de um tal Hilarius Bogbinder (uma das várias máscaras pseudonímicas de que Kierkegaard fez uso). O texto, que mantém uma analogia distante com O Banquete de Platão, integra vários discursos em torno dos temas do amor e da mulher, supostamente recordados e narrados por William Afham (um outro pseudónimo do autor). As figuras intervenientes ilustram o chamado estádio estético da existência, enquanto as partes II e III dos Estádios são dedicadas respectivamente aos estádios "ético" e "religioso". Os três "estádios", contudo, estão longe de constituir etapas fixas de um devir comum aos indivíduos; pelo contrário, Kierkegaard procura precisamente imaginar múltiplas possibilidades de pensar a "existência", múltiplos caminhos capazes de abrir os indivíduos à dimensão de infinito que escapa ao viver destituído de experiência poética.