Jovem e breve, A Literatura da República Democrática Alemã nem por isso deixou de marcar presença na prismática cena mundial e deixar traços de sua influência na produção contemporânea, com nomes como Heiner Müller, Christa Wolf, Bertold Brecht, Wolfgang Hilbig e Franz Fühmann. Tendo surgido em bases distintas de sua irmã lingüística no lado ocidental, ela desde logo se distinguiu por ostentar uma intensa carga ideológica com fins políticos, em função de uma pregação revolucionária – em oposição ao ceticismo profundo do outro lado do muro – e ancorou, sobretudo, na história das classes oprimidas: a Guerra dos Camponeses (1524-1526), o levante dos tecelões da Silésia (1844), as revoluções de 1848 e 1918, a luta contra o fascismo e os movimentos operários. Havendo adotado o realismo socialista como norma estética oficial, não obstante, também abrangeu dois modos de feitura poética em coexistência: o afirmativo, do herói ideológico positivo, e o dialético-crítico, que se volta para a subjetividade e o pós-moderno, nos anos 1970 e 80, refletindo não uma dissidência em termos absolutos, porém o choque entre Estado e literatura, luta pelo ideal e vivência do real, em face das contradições do socialismo real. Pesquisa rigorosa de Ruth Röhl, complementada por Bernhard J. Schwarz, esta publicação que a editora Perspectiva lança em sua coleção Estudos abre ao leitor brasileiro um acesso amplo e profundo a uma produção literária marcante.