O corpo morto de Aylan Kurdi em uma praia da Turquia, em setembro de 2015, foi levado ao circuito das redes sociais, da imprensa, das artes. Neste Naufrágio e ressurreição da imagem: fotografia e imaginário contemporâneo, o leitor encontra um momento de pausa para pensar. E uma pergunta existencial: onde eu me encontro para não sumir no fluxo digital? É isso que está nas mãos do leitor. Um mapa da sociedade atual escrito dentro do território da imagem multiplicada. No instante mais do que decisivo da leitura empenhada, nós tocamos os cabelos curtinhos da criança, afagamos o seu rosto delicado e sussurramos no ouvido: durma mais um pouco, pois você não está sozinho; há quem se preocupe em fazer a vigília do pensamento para desenhar um planeta melhor, propício ao trabalho, ao repouso e ao devaneio. Quando faz isso com alegria metodológica e autêntico prazer pelo conhecimento, somos todos contemplados no mistério escuro da revelação límpida das imagens.