Diante da crise dos paradigmas da modernidade, o cenário contemporâneo, plural e fragmentado, demanda a construção de uma concepção de direito mais participativo e mais comunitário. A racionalidade moderna que celebra a universalidade, a linearidade e a verticalidade do processo judicial já não se mostra suficiente para lidar com as complexidades que marcam os tempos atuais. Nesse sentido, a democratização do acesso à justiça não pode se limitar ao acesso ao Judiciário. A partir do reconhecimento do papel estratégico da comunidade na construção da justiça e, diante da emergência de um movimento de resgate dos meios alternativos de resolução de conflitos, a mediação comunitária ganha especial relevo nesta obra. É que, quando operada na esfera comunitária, este método promove autodeterminação, empoderamento e participação nas decisões políticas, reelaborando o papel do conflito e desenhando um futuro sob novos paradigmas. Trata-se de uma justiça realizada para, na e, sobretudo, pela comunidade. Esta obra pretende, pois, delinear os traços de uma justiça comunitária apta a integrar um projeto emancipatório que redimensione o direito, articulando-o sob uma nova relação entre ética, democracia e justiça. (...) Neste livro, um dos caminhos a um Judiciário mais acessível à população e mais eficiente é desvendado. Não se verá aqui a construção de uma teoria baseada em um mundo ideal. Em um mundo onde todos têm acesso aos direitos e bens considerados mínimos e essenciais. A discussão aqui ocorre com base no mundo real. Com os pés encharcados nos chãos do Brasil. O mundo das desigualdades. Materiais e imateriais.