Por Pe. Cesar Augusto dos Santos, SJ, coordenador desta edição Para escrever a História do Brasil é preciso primeiro escrever a História da Companhia de Jesus no Brasil, disse o grande historiador Capistrano de Abreu. Isto porque, até o século XVIII, as duas histórias se confundem. Seis jesuítas desembarcaram na Bahia de Todos os Santos com o 1º Governador Geral, Tomé de Souza. Manuel da Nóbrega era o líder desse grupo e, após algum tempo, nomeado Provincial do Brasil (1553), liderou todos os Jesuítas que trabalhavam na Colônia. Os membros da Companhia de Jesus pisaram pela primeira vez no Brasil e nas três Américas em 1549, nove anos após a fundação da Ordem por Inácio de Loyola. Chegaram com o objetivo de implantar as sementes da civilização, do amor, do respeito, da fraternidade, do humanismo cristão. Nóbrega disse: “esta terra é a nossa empresa”. Mais tarde, na terceira leva dos inacianos, veio José de Anchieta, aquele que viveu no Brasil 44 anos e foi cognominado “Apóstolo do Brasil”. Ele acompanhava o 2º Governador Geral, Duarte da Costa. Muito mais tarde, quando Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal expulsa a Ordem de Portugal e de todos os seus territórios, os brasileiros ficaram desamparados, entre outros aspectos, em sua educação. Eram os Jesuítas os detentores de todo o sistema educacional. Uma grande lacuna se fez e só foi solucionada no século XX pela atuação do Ministro Capanema. Desde a chegada até a expulsão foram quase 200 anos em que os Jesuítas, hierarquia da Igreja local e governo Colonial se envolveram na formação e condução do povo desta terra. Sem excluir dessa tarefa outras Ordens religiosas, cabe destacar o protagonismo desempenhado pelos Jesuítas nesse período. Recordando os 500 anos do “Descobrimento” do Brasil pelos portugueses, os 450 anos da chegada da Companhia de Jesus ao Brasil, em 29 de março de 1549, e celebrando em 2003 os 450 anos da vinda do Apóstolo ao Brasil e em 2004, os 450 anos da fundação do Colégio de Piratininga que deu origem à Cidade de São Paulo, julgamos oportuno reeditar a obra monumental do Pe. Serafim Leite, SJ. Uso a primeira pessoa do plural porque foi um desejo inicial e persistente do Pe. Murilo Moutinho, SJ, sócio-colaborador do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de São Paulo, na plenitude de sua lucidez aos 98 anos. Acostumado a não ceder às dificuldades, Pe. Moutinho durante anos acalentou esse desejo da nova edição. Portanto por trás desta edição está o espírito empreendedor e batalhador do Pe. Murilo Moutinho, sem dúvida o motor de propulsão de todo esse esforço. Ao Pe. Moutinho, que presenteou a Companhia de Jesus e a Igreja no Brasil com a construção da vila Kostka-Itaici, do Aloisianum e tantas outras obras significativas, além das vocações despertadas e orientadas para o serviço do Reino de Deus, agradecemos agora esta edição.