As mulheres vivem se acidentando o tempo todo trata-se de uma constatação, mas também de uma espécie de profecia soprada pela personagem da Atriz. De fato, iremos assistir a uma sucessão de acidentes. À semelhança de um programa de atrações sanguinolentas e alucinadas de um circo infernal, assistiremos a figuras como Domitila, que perde partes de seu próprio corpo em um passeio de carro; Lucía, a acrobata que não faz acrobacias, estatelada no chão ao desafiar o administrador do circo; Enila, violentada pelo homem de nariz de palhaço. Nesta dramaturgia monstruosa, sem cabeça, cheia de pelos, com mais de um cu, com mais de uma palavra e nenhuma autora, sem dona, bêbada, suja, desimportante, Julia Limp nos surpreende com sua capacidade infinita de invenção. A peça é um verdadeiro canteiro de formas teatrais: pantomima, acrobacia, projeção de imagens, animais e objetos falantes, strip-tease, peça-sonho, autodrama, insulto ao público. [...]