Este livro trata-se de um trabalho profundo e muito bem elaborado, que une, de forma original, dois temas de grande importância no Direito Constitucional contemporâneo: a teoria dos diálogos institucionais na interpretação constitucional e a problemática da proteção jurisdicional dos direitos sociais. O autor parte de um disgnóstico preciso: os direitos sociais - o seu foco central é o direito à saúde - são extremamente relevantes para a garantia de uma vida digna. A sua proteção é vital para o constitucionalismo democrático, sobretudo no cenário de sociedades profundamente marcadas pela desigualdade, como a brasileira. Contudo, o Poder Judiciário não está bem aparelhado para, sozinho, assegurar a efetivação destes direitos, que depende da formulação e da implementação de complexas políticas públicas. Falta aos Juízes a expertise necessária para uma atuação eficiente nesta área. Neste quadro, a adjudicação judicial de direitos sociais pode revelar-se em alguns casos até contraproducente, por desorganizar o funcionamento de políticas públicas universais e favorecer a minoria que tem melhor acesso a justiça, em detrimento dos mais necessitados. Contudo, diante desse cenário, a proposta do autor não é o abandono da esfera judicial para tutela do direito à saúde, mas a adoção de uma perspectiva jurisdicional dialógica, baseada na cooperação entre os diferentes poderes estatais, que leve em consideração as capacidades institucionais de cada um.